sábado, 14 de maio de 2011

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

Bertold Brecht (1898-1956)

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia, várias vezes destruída,
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu?
Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida, os que se afogavam gritaram por seus escravos na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu alem dele?

Cada pagina uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.


"Há muito se pensou que os únicos que  se imortalizariam pra sempre na história seriam os reis, principes, os bons escritores, enfim, os grandes nomes. Mas hoje há uma transparência na história quando se tenta resgatar, personagens que não só foram importantes como foram imprescindíveis para a construção de qualquer processo histórico.
O texto, na sua visão critica, põe por terra qualquer visão tradicional, na qual se acreditava que apenas os grandes seriam imortais, enquanto os demais, seriam apenas um mero público para o palco da história."

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